CAPITULO 21
Joseph
Quando eu era jovem, o pregador nos dava sermões sobre o
inferno. O fazia soar como dentro de um vulcão, com seus lagos de fogo, lava
derretida e profundidades dolorosas. Mas eu não acredito que o inferno é fogo e
enxofre.
Eu acho que o inferno é a sala de espera de um hospital.
Cada segundo que passa interminavelmente lento, é como um
relógio com pilhas gastas. Frustração, medo, mesmo tédio, é tão poderoso que
pulsam na cabeça.
— Nana vai morrer, papai?
Mary está sentado ao meu lado, apoiando-se contra mim, com
meu braço em torno dela. Demi está do outro lado, segurando minha mão. Jenny
foi à procura de informações, mas mesmo trabalhando aqui, a única resposta que
pode chegar é "à espera para os exames." JD traz-lhe café e diz-lhe
para tentar se sentar. Os pais de Jenny e os meus estão espalhados ao redor da
sala de espera, junto com um punhado de vizinhos que têm famílias lesadas pela
tempestade.
— Eu não sei baby. — Acaricio lhe o cabelo. — Nana é uma
mulher forte. Você deve pensar sobre coisas boas, fazer uma oração.
Só então, o Dr. Brown sai e June, Wayne, Jenny, JD e Ruby
se reúnem ao redor. — Foi um ataque cardíaco. — Diz ele, olhando para a mãe de
Jenny. — Um grande. Mas está estável. Ela estará aqui por alguns dias. Devemos
fazer mais alguns exames, mas parece não haver nenhum dano duradouro.
Há um suspiro pesado e coletivo de alívio. June pergunta:
— Podemos vê-la?
— Sim, pode ter visitas, um de cada vez. Mas ela está
chamando Joseph. — Respondeu o doutor.
E os suspiros tornam-se uma onda de "o que no
inferno ".
Eu me levanto. — Eu? Está seguro?
O olhar em seu rosto diz que Nana foi bastante exigente
sobre isso. — Foi muito insistente.
Meu olhar encontra Jenny, ambos perplexos. Então eu dou de
ombros e sigo Dr. Brown pelo corredor, deixando June Monroe reclamando na sala
de espera como uma galinha cujo ovo foi removido.
Me deixa fora da porta do quarto de Nana. Eu abro
lentamente e caminho cautelosamente, consciente de que estou entrando no quarto
de uma megera que ameaçou atirar em mim em mais de uma ocasião, e pode ter
guardado uma seringa ou um bisturi, que tem toda a intenção de jogar na cabeça.
Ou em algum lugar abaixo.
Mas quando eu entro, é apenas Nana em uma cama de hospital
com cobertores até o queixo. E pela primeira vez na minha vida... parece
frágil. Velha.
Fraca.
Quando eu engulo, sinto o gosto das lágrimas na parte de
trás da minha garganta. Eu não acho que isso me faz menos um homem por admitir.
Tem sido um inferno de um dia.
E um herói precisa de seu inimigo. É apenas nesta fração
de segundo eu percebo o inimigo maravilhosamente formidável que sempre foi para
mim, Nana. Como ruim seria... como eu iria sentir falta dela... se ela já não
pudesse preencher esse papel mais.
Suas palavras seguintes, ofegante e fracas, bastam para
trazer essas lágrimas aos meus olhos.
— Olá rapaz.
Eu sorrio, e digo com a voz ligeiramente embargada: —
Senhora.
Sua mão frágil bate no espaço ao lado dela e eu sento na
cadeira ao lado da cama.
Ela olha para mim com os olhos cansados, mas determinados,
determinada a dizer o que ela tem a dizer.
— Você sabe por que eu nunca gostei de você, rapaz?
Limpo o nó na minha garganta e respondo: — Porque eu
engravidei sua neta?
— Hah! — Ele faz um gesto com a mão de descarte. — Não.
Minha June foi cozida dois meses antes que eu tivesse a chance de dizer meus
próprios votos.
Isso é mais informação do que certamente precisava saber.
— Será que é porque eu não me casei com ela? — Tento
novamente.
Ela balança a cabeça. — Não. — E toma um fôlego. — É
porque, mesmo quando você veio pela primeira vez à procura de minha neta, uma
menina de doze anos de idade, com nada além de uma bola de futebol... mesmo
assim, eu podia ver onde estavam indo. Você tinha um olhar em seus olhos, um
desejo de estar em outro lugar, a forma como um cavalo parece com uma porta
fechada, apenas à espera de alguém para deixar o fecho aberto. Ansioso para
sair.
Assinto lentamente, porque não é errado.
— E eu sabia... que se você tivesse a chance... iria
levá-la com você. — Seus olhos vidrados me olham, olhando através de mim.
— Mas já não vai levá-la com você, não é, rapaz?
Solto um suspiro e inclino-me para trás na cadeira. Todas
as coisas que foram me torturando, que foram acontecendo na minha cabeça nos
últimos dias, de repente estão esclarecidas. Tão claras.
Como uma resposta simples.
Como uma resposta simples.
— Não, senhora. Não.
O rosto de Nana relaxa um pouco e parece aliviado por ter
a confirmação. — Alguns cavalos gostam de ser presos. Pertencer a alguém, ser
apascentados em áreas que eles conhecem... eles não têm nenhum desejo de se
aventurar.
E eu penso em cada conversa noturna no banco do rio que
Jenny e eu compartilhamos, cheias de fogos e sonhos. Diferente. E na minha
mente vejo o que aquele rapaz de dezessete anos não: o entusiasmo de Jenny foi
sempre para mim, mas nunca para nós. Porque seu coração estava aqui, nesta
pequena cidade com seu povo quente. Não tinha necessidade de mais... e eu
estava fora.
— É importante — Nana diz, batendo no meu lado — que a
mulher não se sinta como a irmã feia. A segunda escolha. Isso é uma amargura
que não adoça.
Observo-a piscando. — Como você sabia...?
— Só porque estou ficando cega, não significa que não
veja.
Eu fecho meus olhos e rosto de Demi ganha vida. Seu
sorriso, sua risada, a boca afiada, os braços que podem prender-me com tanta
força e ternura, que eu ficaria feliz em ficar num deles por cada momento da
minha vida.
Cubro o rosto com as mãos.
Droga.
— Eu estraguei tudo, senhora. Tudo. Muito ruim.
— Bem, então corrija. — Ela diz ironicamente. — Isso é o
que os homens fazem, consertam as coisas.
— Eu não sei por onde devo começar. — Eu olho para a minha
mão. — E antes que diga "no início" já começou. Como é que eu vou
mostrar que tem sido sempre ela, quando tudo que eu disse, tudo o que fiz, a
fez pensar que não era?
Um sorriso aparece nos lábios de Nana. — Meu Henry, que
Deus tenha sua alma, não era um homem prático. Uma vez ele me comprou um galpão
de jardinagem para armazenar as minhas ferramentas.
Ele veio com instruções em dez línguas. Henry construir aquilo foi a coisa mais patética que já vi.
Paredes tortas, portas de trás, então... tirou peça por peça e começou novamente. Demorou um pouco de tempo, mas valeu a pena, porque no final, aquele pequeno galpão... ficou perfeito. Você tem que começar de novo, também... desde o início.
Ele veio com instruções em dez línguas. Henry construir aquilo foi a coisa mais patética que já vi.
Paredes tortas, portas de trás, então... tirou peça por peça e começou novamente. Demorou um pouco de tempo, mas valeu a pena, porque no final, aquele pequeno galpão... ficou perfeito. Você tem que começar de novo, também... desde o início.
Penso em quando estaremos de volta a Washington DC. Todas
as coisas que eu quero fazer por ela, todas as palavras que eu quero dizer...
começar de novo. Mostrar-lhe. Mas terá que ser depois do casamento. Depois que
as coisas estiverem organizadas aqui com Jenn. Assim, Demi vai ver com seus
próprios olhos que eu venci. Que o que eu compartilho com Jenny não diminui o
que sinto por ela. Então não terá nenhuma dúvida... e acreditará em mim.
Nana franze o cenho. — Agora, não vá dizer a ninguém o que
discutimos. É privado. Eu tenho uma reputação a defender.
Eu ri. Por causa do aviso de Nana e porque agora eu tenho
um plano.
Ela aponta para a porta. — Vá, então. Traga minha filha
aqui antes que derrube a porta.
Me inclino, levo minha vida em minhas mãos, e dou a Nana
um beijo na bochecha. — Obrigado senhora.
— De nada rapaz.
De volta à sala de espera, eu digo a June que pode ir.
Então eu atendo o olhar interrogativo de Jenny.
— Está bem. — Aperto seu ombro. — Não se preocupe, esta mulher é dura demais para morrer.
— Está bem. — Aperto seu ombro. — Não se preocupe, esta mulher é dura demais para morrer.
Jenny ri, me abraçando com alívio. Quando eu vou embora,
digo que eu estou levando Mary para os meus pais, para passar a noite. Então eu
coloco meu braço em torno de Demi, e nós três passamos pela porta.
Estou amando... mas os capítulos tão pequenos. Vc podei postar 2 capítulos pra nossa alergia né.
ResponderExcluirPrincipalmente a mim, que estou com o pé quebrado, e não posso fazer nada além de ler.
Deus como eu tô amando essa história ❤🙏
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