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AO LONGO da semana seguinte, Joe se desdobrou para
fazer Demi mudar de ideia sobre sair com ele. Ele parou na confeitaria, ligou para
fazer pedidos de coisas que na verdade não queria e se assegurou de
que seria o responsável para receber quaisquer entregas do
restaurante, apenas para o caso de, por acaso, ser ela a entregadora.
Nunca era ela.
Mas ele não iria desistir. Enquanto, no começo,
ela fora uma estranha sexy que captara a atenção dele, agora ela se
tornara uma espécie de desafio para ele. Ele queria contornar a
barreira protetora dela e ver se a garota divertida e sorridente
ainda estava ali, atrás da mulher de aparência altamente desejável.
Talvez fosse bom que Demi consumisse os
pensamentos dele durante o dia. Porque assim seria mais fácil
resistir à tentação à noite. Definitivamente tinha ajudado nas
noites de sábado e domingo.
Ele havia trabalhado no Leather and Lace num
segundo fim de semana. Desta vez, sabendo onde estava se metendo, ele
fora cuidadoso para evitar ficar a sós com Rosa, a sensual estrela
principal da boate, e não trocara nem mesmo uma palavra com ela.
Ainda assim, tinha sido impossível manter os olhos longe dela.
Especialmente quando ela dançava.
Especialmente quando ela ficava olhando para ele
enquanto dançava.
Se ela desse em cima dele de novo, ele
honestamente não sabia se seria capaz de recusar. Então,
assegurar-se de nunca ficar a sós com ela provavelmente era algo bom
a se fazer.
Diabos, ele sinceramente não tinha certeza de por
que estava resistindo. Contanto que mantivesse a mulher em segurança,
não enxergava Harry Black como o tipo de sujeito que teria problemas
com isso. Afinal, ele era casado com uma das ex-estrelas da casa.
E liberar um pouco de vapor sexual não precisava
ter algo a ver com vida diária normal de Joe. Na verdade, ninguém
na família dele precisava saber sobre isso. Não havia lei que dizia
que um homem solteiro não podia fazer sexo com uma mulher disposta a
fazê-lo só porque ele estava interessado em outra.
Uma que não estava interessada nele.
Droga. Era por isso que ele não tinha feito.
Porque o fato de Demi não estar interessada nele estava
enlouquecendo-o.
Francamente, ele nunca havia se esforçado tanto
para conseguir a atenção de uma mulher. O fato de Demi ser a mulher
em questão tornava toda a situação muito mais desafiadora.
Ela havia sido louca por ele certa vez. Ele faria
com que ela o enxergasse daquele jeito outra vez, mesmo que fosse seu
último ato. Mesmo que significasse fazer coisas estúpidas e piegas
como aparecer na confeitaria com a mão lotada de flores.
Do jeito como ele estava agora.
Deus, como os caras na unidade dele iriam rir ao
vê-lo, parado em uma esquina em um dia quente de agosto segurando um
buquê colorido que ele havia comprado de um vendedor na esquina.
– O que você está fazendo? – murmurou ela,
do outro lado da vitrine no fim da tarde de quinta-feira, quando ele
bateu à porta trancada.
– Estou trazendo flores para você – gritou
ele de volta. – Abra.
– Não traga flores para mim.
Dando de ombros, ele sorriu para ela.
– Tarde demais.
– Estou falando sério.
– Como eu disse, tarde demais. Qual é, deixe-me
entrar. Elas estão com sede.
Ela olhou para ele. Ao perceber pedestres parando
para assistir ao show, ela deu um passo adiante e mostrou os dentes.
Cara, a mulher era picante quando ficava brava.
– Vá embora!
Ele balançou a cabeça, fazendo “tsc, tsc,
tsc”. Então olhou para a mulher mais perto dele que havia parado
para ver o que estava acontecendo.
– Consegue acreditar que ela não quer minhas
flores?
Um adolescente e a namorada, que também tinham
parado, cantarolaram juntos:
– Vamos ficar com elas!
A mulher mais velha, uma avó de cabelos
grisalhos, franziu a testa:
– O que você fez?
Boa pergunta. Ele não estava totalmente certo do
que tinha feito.
– Eu não a reconheci depois de passar dez anos
sem vê-la.
A vovó arqueou as sobrancelhas. Tirando Joe de
seu caminho, ela marchou até a vitrine, esticou o dedo indicador e
apontou para Demi.
– Aceite as flores, garota boba. – Revirando
os olhos e bufando sobre a juventude ser desperdiçada pelos jovens,
ela saiu andando pela rua.
Demi, ainda rosnando praticamente, destrancou a
porta, abriu-a num tranco e agarrou o braço dele.
– Entre aqui e pare de fazer papel de bobo.
– Eu não estava fazendo papel de bobo –
apontou ele. – Você estava fazendo com que eu fizesse papel de
bobo.
– Você não precisa de muita ajuda para isso.
Balançando a cabeça e sorrindo, ele murmurou:
– O que aconteceu à Demi doce, amigável e
ansiosa para agradar?
– Ela cresceu.
Ela arrancou o buquê da mão dele, fuçando atrás
do balcão e pegando uma jarra para colocar as flores. Enquanto a
observava, ele notou a fungada clandestina que ela deu nos botões, e
o jeito como aprumou os ombros, como se perturbada pela própria
fraqueza.
Joe não a seguiu, por mais tentado que estivesse.
Em vez disso, recostou-se no balcão de vidro, apoiando os cotovelos
nele.
– As flores são uma oferta de paz.
– Estamos em guerra?
– Para mim, parece que sim desde que fui
estúpido o suficiente para não reconhecer você naquela noite no
Jonas’s.
Ignorando-o, ela terminou de encher a jarra com
água, fechou a torneira e enfiou as flores ali.
– Ainda não consigo acreditar que você está
me punindo por isso.
– Não se iluda. Não estou punindo você por
nada. Só não estou interessada em você, Joe.
– Sim, entendi. – Só que ele não entendia.
De jeito nenhum ele estava pronto para admitir aquilo. Algo tinha
feito Demi colocar um muro entre eles… e ele iria descobrir o que
era. – Mas não tem motivo para que não possamos voltar a ser
amigos, tem? Já fomos amigos.
– Não. Não fomos. Você era o garanhão do
universo e eu era a cadelinha com a imensa e humilhante paixonite por
você. Você não pode achar mesmo que eu voltaria a esse ponto.
– Eu lhe digo uma coisa, Demi – falou ele,
ouvindo a frustração na própria voz. – Não tenho certeza do que
desejo de você. Eu só sei que não consigo suportar o fato de você
nem mesmo olhar para mim.
Ela finalmente fez aquilo. Olhou para ele,
encontrou o olhar direto dele. Ele viu uma confusão tempestuosa
naqueles olhos castanho-escuros. Foi acompanhada pelo tremor daqueles
lábios exuberantes e pela batida da pulsação no pescoço dela.
– Você gostava de mim – disse ele suavemente.
– E nós nos saíamos muito bem ajudando um ao outro nas reuniões
de fofocas da vizinhança disfarçadas de almoço de domingo. Podemos
pelo menos tentar ser amigos?
Ela abriu a boca para responder. Fechou. Então,
suspirando enquanto empurrava o vaso de flores para o centro do
balcão, assentiu lentamente.
– Acho que sim.
Era um começo. Talvez não o começo que ele
queria com ela… mas pelo menos era o começo de alguma coisa.
– Quer café? – Ela não soou particularmente
entusiasmada ao fazer o convite.
Ele olhou para a cafeteira industrial,
completamente limpa já para a noite, e balançou a cabeça, sem
querer dar trabalho a ela.
– Tenho uma cafeteira menor nos fundos.
– Parece bom.
Joe a seguiu pelo pequeno corredor entre a
cafeteria e a cozinha, tentando se lembrar de que não era muito
educado encarar longa e fixamente o traseiro de alguém que era
apenas uma amiga. Não funcionou. Porque, embora usasse uma calça
cáqui larga e um avental imenso, a mulher tinha formas incríveis.
Cada passo fazia o tecido grudar às curvas, e o requebrado natural
dos quadris dela o deixava tonto.
Amigos. É isso. E nada de amizade colorida.
– Gostou de ter voltado a Chicago? – perguntou
ele, quando se sentou em um banquinho alto ao lado de um balcão de
trabalho.
Demi cultivava grãos frescos. Finalmente… uma
mulher que sabia fazer café. Mais uma coisa a se gostar nela, além
do jeito bonitinho como seu rabo de cavalo sacudia e do modo como ela
cheirava a açúcar, manteiga e tudo de bom.
– Tanto quanto gosto de fazer um tratamento
dentário de canal.
– Tão ruim assim? Não gosta de estar de volta
aos negócios da família?
Ela olhou ao redor da cozinha, imaculadamente
limpa e esticada com todos os suprimentos de confeitaria já
inventados.
– Minha prisão tem cheiro de licor de anis.
– A minha tem cheiro de molho marinara –
murmurou ele, falando sério.
Ela assentiu, sem pedir a ele para falar mais
sobre o assunto. Ela obviamente sabia exatamente o que ele queria
dizer.
– Não é fácil voltar para casa, né?
Ele balançou a cabeça.
– Nem um pouco fácil. Meus pais ainda não me
perdoaram por me mudar para um apartamento, por não voltar ao meu
antigo quarto. Ele ainda está com os pôsteres da época de escola
na parede.
Ela riu.
– O meu também. Embora eu não ache que os seus
sejam pôsteres de bailarinas e do Ricky Martin.
– Hum… Definitivamente não. – Com um
sorriso lhe fazendo cócegas nos lábios, ele admitiu: – Demi Moore
e Máquina Mortífera 3.
Demi riu suavemente. Houve um brilho naqueles
olhos castanhos escuros dela e um lampejo de uma covinha da qual ele
se lembrava em uma das bochechas. Finalmente. – Você…
– O quê? – perguntou ele.
– Desculpe – disse ela. – Não é da minha
conta.
– O que não é da sua conta?
– Acho que eu só estava me perguntando se você
se sentiu… um pouco… deslocado da sua família.
– Sinto que pertenço aos Jonas tanto quanto
Mogli, o menino lobo, pertencia ao universo do urso dançante.
Ela assentiu, como se concordando completamente.
– Mas, se me recordo corretamente, acho que ele
queria pertencer ao mundo do urso dançante e não conseguia
compreender por que não se encaixava exatamente.
Joe ficou calado. Ela o convencera.
Demi pareceu perceber.
– Sim. Eu também.
– Mais uma coisa que temos em comum – disse
ele.
– Não se empolgue muito – murmurou ela. –
Ainda não vou lhe dar meu telefone.
– Você deve saber que já tenho.
Ela revirou os olhos, mas não franziu a testa.
– Danielle. Minha irmã vai morrer. – O café
havia acabado de ser passado, então ela serviu duas canecas grandes.
– Creme ou açúcar?
– Nenhum dos dois. – Pegando a caneca da mão
dela, ele inalou o vapor. – Minha mãe faz um café terrível. Sua
irmã também, que parece ter resolvido que até o cheiro de cafeína
pode fazer nossos sobrinhos maníacos escalarem paredes.
– Café descafeinado é para molengas –
murmurou ela.
Espantado, Joe vociferou uma risada. Aquela não
era a Demi pequenina e doce, a garota da qual ele se lembrava.
– Eu vivia sob o efeito de café em Manhattan –
admitiu ela. – Era o único jeito de conseguir cumprir minha
agenda.
Ele fungou com apreço, permitindo que o aroma
rico do café preenchesse sua cabeça. Quando combinado a todos os
outros perfumes permeando o cômodo, ele se sentiu fraco e
fisicamente desejoso.
Ou ela o deixou assim. Ele honestamente não tinha
certeza de quem tinha sido a culpa.
– Acho que eu teria matado por algo tão bom
mesmo sob o calor de 50 graus no deserto.
Demi se sentou em um dos outros bancos, diante
dele, a caneca sobre o balcão entre eles. Observando-o atentamente,
com um pouco de receio, ela predisse a própria curiosidade antes de
as palavras deixarem sua boca:
– Como você aguentava dia após dia?
Era uma boa pergunta, e uma que ninguém havia
feito a ele ainda. Ah, ele recebera perguntas sobre a ação e as
coisas que vira. Perguntaram se ele havia atirado em alguém, matado
alguém, salvado alguém. Perguntaram o que ele fizera para aliviar o
tédio, para completar sua missão.
Mas ninguém havia perguntado o que o mantivera
firme todo santo dia. Não até agora.
– Desculpe, isso provavelmente não é da minha
conta.
– Tudo bem. Se quer saber a verdade, foi isto
que me manteve firme. – Ele gesticulou para o cômodo.
Ela franziu o cenho ceticamente.
– Não falo da confeitaria. Falo desse estilo de
vida. Um lar, família, toda a segurança e proteção com os quais cresci e que pensei que
estariam exatamente os mesmos quando eu voltasse. Só que… não
estavam.
Encarando-o, Demi revelou seus pensamentos em seus
expressivos olhos castanhos. Ela entendia o que ele queria dizer…
compreendia exatamente. Joe não desviou o olhar, apreciando a
conexão, embora eles estivessem separados por vários metros de ar
perfumado. Mentalmente, no entanto, eles estavam se tocando. Criando
um vínculo. Compartilhando a marca única de alienação que cada um
estava sentindo com relação ao mundo no qual haviam crescido.
Ela balançou a cabeça finalmente.
– Bem, obviamente você tem algumas coisas a
resolver, rapazola.
Ele sorriu, lembrando-se do que havia dito sobre
Mogli, o menino lobo.
– Sim, bem, você também, certo? Você não
conseguiu o que esperava quando voltou para casa, não é?
Ela balançou a cabeça negativamente.
– O que você fazia em Nova York, afinal? –
perguntou ele, sem saber a história toda. Ele sabia que Demi tinha
um bom emprego lá, mas que havia desistido para voltar para casa e
ajudar a família.
– Eu trabalhava… no ramo artístico –
murmurou ela, levando a caneca à boca. Ela soprou por cima do café,
mandando vapor pelo ar. O calor lhe coloriu as bochechas, já coradas
por um tom rosado delicado devido ao calor da agitação na cozinha.
– No palco.
Uma atriz. A ideia o surpreendeu por um segundo,
embora fizesse sentido. Demi era bonita e tinha personalidade, e
muita autoconfiança. Ele suspeitava que ela fosse sensacional no
palco. – Mas eu me machuquei no último inverno e não trabalhei
desde então.
Ele baixou a caneca, aguardando.
Uma pequena ruga surgiu entre os olhos dela quando
explicou:
– Rompi meu ligamento cruzado anterior no joelho
esquerdo e precisei ser operada. Foi necessário um longo período de
reabilitação.
– E você passa o dia inteiro trabalhando em pé
na cozinha? – perguntou ele, estarrecido ao pensar em quanta dor
ela deveria ter experimentado. Ele conhecia sujeitos que haviam tido
tais lesões durante sua vida esportiva na escola. Não era nada
divertido.
– Estou melhor. – Ela apontou para o banquinho
onde estava sentada. – E trabalho bastante sentada.
Joe queria saber mais. Muitas coisas. Como o tipo
de vida que ela levava em Nova York e se alguém havia compartilhado
aquela vida com ela. E o sabor do pescoço dela. E o que ela
planejava fazer uma vez que o pai estivesse bem o suficiente para
retornar à confeitaria. E o que ela havia comido hoje que tinha
deixado seus lábios tão vermelhos. E por que ela estava resistindo
a algo que estava acontecendo entre eles.
E quando ela iria estar na cama dele.
Porém, o telefone interrompeu antes que ele
pudesse perguntar, muito menos conseguir respostas. Pedindo licença para atender, Demi
revelou frustração em todas as palavras trocadas com seu
interlocutor. Joe ouviu o suficiente para compreender o que estava
acontecendo: a pessoa responsável pelas entregas que trabalhava em
meio período telefonava para avisar que estava doente.
– Não consigo acreditar nisso – murmurou ela,
depois de desligar o telefone. – Todos estes pedidos, e ele deixa
por minha conta. – Quase resmungando, ela acrescentou: – Os Cubs
vão jogar hoje? Parecia que o filho da mãe estava no estádio.
Feroz. Ele gostava disso.
– Não xingue, Dem. Eu vou ajudar.
Piscando, ela respondeu:
– Hein?!
– Vou ajudar você a realizar as entregas. –
Saltando do banco, ele foi até um carrinho alto carregado com caixas
de papelão rotuladas com os nomes de diversos restaurantes locais. –
Afinal – disse ele, oferecendo um sorriso pueril por sobre o ombro
– para que servem os amigos?
~
Se preparem galera, o HOT esta mais próximo do que vocês imaginam.... continuem comentando :)
quanto a fic "A Sexóloga" não se preocupem, eu já estou escrevendo e vai ter alguns flashbacks bem fofos *--*
quanto a fic "A Sexóloga" não se preocupem, eu já estou escrevendo e vai ter alguns flashbacks bem fofos *--*
Beijoos <3
Poosta + se possivel tudo de uma vez!!!
ResponderExcluireu postei bastante, infelizmente não dá para postar tudo de uma vez, só se vocês comentassem bastante tbm :/
Excluirespero que vc tenha gostado!
Awn amo flash backs kk OMG LALALA o HOT ta vindoo ~Le eu dançando
ResponderExcluirTa parei u.u
eu acho que os Flashbacks ficaram bem fofos *--*
ExcluirO HOT chegou com tudo, eu espero que vc tenho gostado Mand :)
Amei amei amei .. Amigos sei esses amigos! Dois safadinhos!
ResponderExcluirSgjjkoeabjo
Quero mais u.u
Fabíola Barboza
Amigos coloridos né?? hahahahaha
Excluirpostei bastante e eu espero que vc tbm tenha amado ;)
ameeeeeeeeeeeeeeeeei
ResponderExcluirfico feliz em saber que vc tenha amado o capitulo Juh ;)
ExcluirAdorei!!! O hot está chegando!!! rsrs
ResponderExcluirtodas ficaram bem ansiosas quanto ao hot né?? eu espero que vc tenha gostado Debora! ;)
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