6.6.14

Suave - Capitulo 4

 
Capitulo 33 de "A Sexóloga" -> AQUI
 
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JOE ESTAVA radiante. Adorava dar festas e gostava de multidões. Ter muita gente à volta dele o alegrava e o enchia de energia.

O sol ainda não se escondera, mas a festa já estava bombando. “Everybody Have Fun Tonight” explodia pelos autofalantes, e os convidados dançavam superanimados. O barman contratado servia os drinques com os mesmos movimentos de Tom Cruise em Cocktail. O iate estava lotado. As pessoas se espalhavam pela prancha de embarque e pelo cais. Garçons serviam deliciosos canapés, enroladinhos de camarão, espetinhos de frango ao molho tailandês, pastéis de massa folhada recheados com lagostins, salgadinhos de salmão defumado, bolinhos recheados com rosbife temperados com raiz forte e cogumelos recheados com siri. Lanternas japonesas e velas de citronela proporcionavam uma claridade discreta. O ar cheirava a sal e a calmaria.

Joe sorria para todos. Vestindo camisa de seda azul com colarinho abotoado, calças de algodão e mocassim sem meias, segurava um copo servido com Scotch misturado com água. Belo número de convidados. O número de convidados sempre era grande nas festas de Joe.

Entretanto, faltava uma pessoa. A pessoa que ele mais queria ver.

Você realmente não tinha esperanças de que ela viria, tinha?

Não, ele não tinha. Por que ela o desprezava com tamanha vontade? Por que ele se importava tanto? Se quisesse Taylor de volta, Joe deveria resistir ao encanto de outras mulheres. A ex-namorada deveria estar impressionada com o que ele fizera em St. Michael. Ele provara não ser imaturo e que era capaz de se dedicar seriamente a ajudar os outros.

O administrador do hospital se aproximou para agradecer de novo pela ajuda de Joe, que o cumprimentou e fingiu ouvi-lo com atenção, mas o olhar continuava a percorrer o cais, observando os convidados que chegavam.

Nada de Demi.

Qual era o problema? Ele deveria estar feliz por aquela mulher briguenta estar fora da vida dele. Na manhã seguinte, Joe estaria a caminho de casa, na Flórida. Ele deveria estar pensando em Taylor, que ficaria surpresa ao vê-lo.

Sim! Voltaria para casa. Ele sentia saudade de Miami e estava agitado só de pensar em rever Taylor e em lhe mostrar o quanto mudara, mas não conseguia deixar de desejar ter se despedido de Demi. Sentiria falta da maneira como ela o desafiava sempre que o encontrava. Poucas pessoas faziam isso com ele.

Uma delas era Taylor.

Fazia tanto tempo que ele não a via, que começava a atribuir a Demi algumas características da ex-namorada. Era isso. Era só o que podia ser, porque ele desistira de ser um mulherengo e estava orgulhoso da própria moderação.

Um ano.

Fazia um ano que ele estivera com uma mulher. Era o recorde dele, desde que perdera a virgindade aos 16 anos. Veja, Taylor, eu mudei!

O governador e a esposa se juntaram à conversa com o administrador do hospital. Joe piscou para a mulher, uma senhora avantajada de cerca de 50 anos, que usava um vestido longo e colorido. – A senhora está muito bonita esta noite, sra. Freemont.

Ela corou como uma garota e abaixou a cabeça.

– O senhor é extremamente galanteador.

Disparado, não havia dúvidas de que a maioria das mulheres era muito fácil de encantar. Bastava fitá-las nos olhos, fazer um elogio e ser sincero. Aquela parte era essencial: era preciso amar realmente as mulheres. Acrescentando-se a isso uma piscadela de cumplicidade, elas se derretiam.

Todas, exceto Taylor.

E Demi.
 
– Vocês não estão bebendo nada? – perguntou Joe aos Freemont. – Vou reparar esse erro agora mesmo. – Ele se encaminhou ao balcão dos garçons, repleto de bandejas de canapés, ordenou que servissem as bebidas e voltou para retomar a conversa, quando a atenção dele foi atraída, de repente, por uma loura de pernas longas que atravessava a prancha de embarque.

Ela usava um vestidinho azul estampado com minúsculas flores brancas e muito pequeno para ela. Os seios balançavam com irreverência, levando-o a deduzir que ela não estava usando sutiã.

Joe, de imediato, começou a sentir uma certa parte de seu corpo dando sinais de vida. O olhar dele foi subindo dos pés delicados ornados por altos sandálias de salto até percorrer as coxas incríveis, passando pelos quadris largos com cintura estreita e, finalmente, pousando sobre os seios sem sutiã. Por fim, olhou para o rosto dela.

Joe sentiu o coração fraquejar.

Não era possível! Aquela top model com sobrancelhas perfeitamente arqueadas e batom cor-de-rosa não podia ser Demi Lovato.

Ele arregalou os olhos e ficou mudo. Claro que ele sabia que ela era bonita, mas não tinha ideia de que ela poderia ficar daquele jeito: estonteante.

– Com licença – disse ele com educação para os Freemont e para o administrador do hospital, deixando a bebida de lado e caminhando, resoluto, na direção de Demi.

Ela arregalou os olhos e pegou o braço da moça de cabelos negros que estava ao lado dela. Disse algo rápido e ligeiro para a amiga, sacudiu a cabeça, deu meia-volta e desceu pela prancha.

– Espere! – gritou Joe, atravessando a multidão.

Mas Demi não se deu o trabalho de olhar para trás. A amiga ficara parada no meio da prancha, parecendo confusa.

– Ei, Joe! Eu estava esperando para falar com você – falou alguém.

– Bela festa – disse uma bela mulher ao lado dele.

Um homem bateu no ombro dele.

– Vamos sentir sua falta em St. Michael.

– Desculpe, com licença… – Joe ignorava a todos. Por que estava tão desesperado para impedir que ela fosse embora?

Ele passou pela amiga de Demi e chegou ao fim da prancha de embarque. Demi estava quase a 5 metros de distância. Já estava saindo do cais e subindo a escada que ia para o estacionamento da marina.

– Demi!

Ela não se virou.

Ele começou a correr. Igual a um pateta. Você está arruinando a sua imagem, cara. Pare com isso.

Joe chegou ao pé da escada no mesmo momento em que Demi chegava ao topo.

– Não vá embora, baby.

Ela parou e se voltou para olhar para ele. Uma perna sexy fincada no solo, a outra no último degrau da escada.

– O que você disse?

– Baby, por favor, não vá embora.

– Baby? Você me chamou de baby?

Ele deu de ombros, sem graça.

– Desculpe, é apenas uma expressão.

– Você acha que eu pareço uma criança?

– Não, senhora. De jeito nenhum, nem no jeito nem na forma.

Ela desceu alguns degraus devagar, com os olhos chispando. Joe sentiu o sangue ferver nas veias.

– A palavra baby também é geralmente usada como uma expressão carinhosa entre namorados – disse Demi.

– Ahã – concordou ele.

– Nós somos namorados?

– Infelizmente, não. – O que estava acontecendo? Ele amava Taylor. Estava tentando não seduzir outra mulher e, durante um ano, fora um bom menino. Deveria dar adeus a Demi e voltar para a festa. – Eu não sou criança e não somos namorados, certo?

– Certo.

– Portanto, sob nenhuma circunstância, você vai me chamar de baby outra vez, entendeu?

Ele fez uma continência.

– Entendi. Nada de baby. Nem agora nem nunca. A palavra foi riscada do meu vocabulário.

– Ótimo. Eu não acho a palavra adequada nem para amantes. Infantilizar o outro não é maneira de formar um laço maduro de amor.

– Você tem opiniões firmes a esse respeito.

– Tenho.

– Você realmente não gosta muito de mim, gosta?

– Não em especial.

– Por que você veio esta noite?

– A minha amiga Selena precisava de uma companhia e de uma carona. Ela não tem carro.

– Você pretendia deixá-la e ir embora?

Por um instante, ela pareceu envergonhada, mas logo se recuperou.

– Selena é uma mulher adulta. Pode tomar conta de si mesma.

– Mas, ainda assim, você veio com ela. – Ele a olhou de cima a baixo. – E vestida desse jeito, devo acrescentar.

Demi enrubesceu até o pescoço.

– O vestido é de Selena.

– Você está deslumbrante.

– Ah, isso faz com que eu me sinta especial – falou ela com desprezo. – Aposto que você disse o mesmo para dúzias de mulheres, só esta noite.

– Dúzias de treze – brincou ele.

Ela relaxou um pouco os ombros e deu um leve sorriso. Uma pequena vitória. Com Demi, ele colhia triunfos onde conseguia.

– Você ainda pretende fugir? – Eu não estou fugindo.

– Para mim, parece que está.

– Eu não posso correr com esses saltos. Eu estava indo embora calmamente, ou melhor, tropegamente.

– Por quê?

– Eu não gosto de festas.

– Por que não?

– Elas têm muita gente. Eu não gosto de multidões.

– Ah, você esquece que eu a vi em ação nos campos de atendimento, logo depois do furacão Sylvia. As tendas eram mais apertadas do que latas de sardinha… E você estava bem no meio delas.

– Aquilo foi diferente. Eu estava ajudando as pessoas.

– Vamos voltar à festa – Ele pediu. – Eu deixo você executar os primeiros socorros se alguém se engasgar com um canapé.

Ele a viu sorrir de novo, sentiu o coração dar uma batida fora de compasso e estendeu a mão para ela.

– Vamos lá…

Os dois ficaram parados por um momento. Demi, alguns degraus acima; Joe, no primeiro degrau da escada, suplicante, com a mão estendida.

– Não me deixe esperando, ba… – Ele quase disse baby, mas parou a tempo.

– Por que eu deveria voltar à sua festa?

– Para começar, você é uma boa amiga. Selena precisa de você. – Golpe baixo.

– Vou usar todas as armas do meu arsenal.

– Por quê?

– Por que, o quê?

– Por que você se importa tanto que eu esteja ou não na sua festa?

Era uma boa pergunta. Ele não tinha uma resposta na ponta da língua e acabou confessando a verdade.

– Eu estou cansado de estar cercado de vacas de presépio. Preciso de alguém que saiba como orçar um veleiro.

– Orçar o quê?

– Não existem freios em um veleiro. A única maneira de diminuir a velocidade é manejar as velas. Isso quer dizer: controlar a testa ou “luff” da vela grande e aproximar a proa da embarcação da linha do vento, para que este a atinja obliquamente.

– Em outras palavras, eu sou um freio?

– Bem, você sabe que tem mania de regras, de etiqueta, de comportamentos adequados e tudo mais – disse ele, sacudindo a mão.

– Foi um balde de água fria.

– Eu não disse isso.

– Uma estraga-prazer.

– Eu também não disse isso.

– Por que você iria querer um freio na sua festa? Espera-se que as festas sejam animadas, sem barreiras. Você deveria querer um acelerador, não um freio.

– Não fique ofendida com o comentário sofre o freio. Um freio é algo bom – disse Joe. – É extremamente necessário. Um freio nos mantêm seguros.

– Como uma mãe?

Joe passou a mão na cabeça.

– Isso não está indo bem, está?

– Nem um pouco. – Demi cruzou os braços, mas o sorriso reapareceu e, desta vez, durou alguns segundos a mais.

– Venha orçar minhas velas, Demi.

Ela hesitou. Há! Ele a apanhara.

– Você já está vestida para impressionar. Por que desperdiçar o visual? – insistiu ele. – Eu não sei por que ainda estou pensando nisso.

– Porque há uma parte de você que não quer passar a noite sozinha, lavando a cabeça.

– Eu não me importo em ficar sozinha.

Ela era um osso duro de roer.

– Tudo bem – disse Joe. – Mas você não sabe o que está perdendo. – Assumindo um risco calculado, ele se virou para ir embora.

– Espere – disse Demi.

Joe sorriu e parou, mas não se voltou.

– Sim?

– Eu estou morrendo de fome. Eu vou, em troca de comer alguma coisa. – O barulho dos saltos altos contra o metal dos degraus da escada ressoou na escuridão.

Joe flexionou o braço e o ofereceu a ela. Para surpresa dele, Demi aceitou.

– Só porque estou usando saltos altos – explicou ela, enquanto enlaçava o braço no dele, como se soubesse o que ele pensava.

Assim que ela o tocou, foi como se ela tivesse ateado fogo nele. Joe engoliu em seco. Que bom que, no dia seguinte, ele estaria levantando âncora. Mais um dia com Demi, e não se sabia o que poderia acontecer.

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Fico muito feliz em saber que vocês estão gostando da mini-fic :) Muito obrigada a todos que me deram sugestões para "A Sexóloga", eu ainda estou atolada de trabalhos, mas quando eu tiver uma folguinha eu escrevo, ok?? Beijoos meus amores <3

5 comentários:

  1. Cara to amando essa mini fic
    Parabéns! Ta muito perfeita!!!
    Posta logo my world
    Beijos com glitter

    By - Milena

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  2. continueee
    mds mds mds mds mds mds mds mds quero hot logo sdkjfd
    poste logo mulher

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  3. Amei, amei :)
    Demi é osso duro de roer! Kkkkkk
    Adoro eles bitchssss
    Quero mais
    Fabíola Barboza

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