8.6.14

Suave - Capitulo 7

 
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COM O coração na boca e um sorriso involuntário no rosto, Demi se escondeu atrás de um homem gordo para recuperar o fôlego e, depois, desceu o mais rápido que podia para o convés inferior. Que jogo absurdo era aquele que eles estavam fazendo, e por que ela concordava? Por que simplesmente não ia embora?

Por quê? Porque Joe acendera um fogo dentro dela, que a apavorava. Estar com ele era como dirigir uma Ferrari em uma autoestrada, sem carteira de motorista. Uma ameaça de desastre. Ela já passara por isso. Recusava-se a passar de novo.

Ela precisava sair daquele barco. Fugir para o convés inferior fora um erro. Ele poderia cercá-la ali. Apavorada com esta possibilidade, Demi tentou subir a escada traiçoeira, mas não estava acostumada com os saltos. Era preciso ter mais habilidade do que pensara. Ela pisou em falso e mergulhou de cabeça, derramando vinho para todo lado. Teria batido de cara no chão, não fosse a mão masculina que a segurou no ar.

– Você está bem?

Ela olhou para cima e viu Wilmer Valderrama, um terapeuta de aparelho respiratório que trabalhava no Hospital Geral de St. Michael. Ele a convidara para sair várias vezes, mas ela recusara. Ela o considerava um tanto pegajoso, com o enorme bigode de artista pornográfico, a mania de estalar a língua e de apontar os dedos, fingindo atirar nela. Ainda assim, ela permitiu que ele a salvasse de Joe.

– Eu estou bem.

– Você derramou a sua bebida – disse Wilmer. – Vamos buscar outra.

Ela ia dizer não, quando olhou para trás e viu Joe olhando para ela.

– Ótimo, tudo bem. Contanto que seja um salty dog – disse ela, elevando a voz para que Joe escutasse.

Wilmer pegou a taça vazia que ela segurava e a entregou a um garçom que passava. – Gostaria de vir comigo?

Sim, sim, gostaria.

Ela aceitou a mão que Wilmer lhe oferecia e o seguiu até o bar. Foi preciso fazer muito esforço para não se voltar e observar a reação de Joe. Ela não lhe daria a satisfação de saber que se importava com o que ele achava sobre ela estar com Wilmer.

Enquanto eles chegavam ao bar, Wilmer colocou a mão na cintura dela, e Demi se afastou. Ele a soltou.

– Um salty dog para a moça – disse Wilmer ao barman. – Eu vou querer uma cerveja.

– Obrigada – disse ela.

– Eu nunca vi você vestida desse jeito. – Wilmer lhe lançou um olhar lascivo. – Gostei.

– É um caso de insanidade temporária – balbuciou Demi, puxando a barra da saia. Uma bandana teria mais tecido. Como Selena usava aqueles vestidos minúsculos, sem se sentir exposta?

– Eu gostei.

O barman colocou as bebidas em cima do balcão. Wilmer pegou um canudo rosa flamingo, colocou-o dentro do copo de Demi, mexeu a bebida e a entregou a ela.

– O álcool costuma ficar no fundo. É preciso mexer para misturar por completo. Você não vai querer que o último gole seja puro álcool, porque ele poderia ir direto para a sua cabeça.

Wilmer olhou-a de lado como se fosse exatamente aquilo que ele desejasse. E era precisamente por aquele tipo de coisa que ela não gostava de usar saias curtas e saltos altos. Os homens caíam em cima ela.

– Obrigada por cuidar de mim – disse ela com sarcasmo, mexendo a bebida com vigor.

– É um prazer – Ele deu um sorriso que mostrava uma fileira truncada de dentes pequenos. Tubarão.

O que ela estava fazendo ali com aquele nerd? Ah, sim, fugia de Joe. Ela olhou em volta, procurando por ele, mas não o viu. Graças a Deus.

Eles saíram do bar e se dirigiram para a parte posterior do barco. Popa, como ela achava se chamar. Demi colocou o canudo na boca e provou a bebida. Nada mal. Forte. Salgada. Amarga. Ela bebeu outro gole. Hum, pensando bem, ela deixava um gosto na boca que não lhe agradava. Talvez devesse jogar o resto pela amurada.

– Os seus olhos brilham com essa luz – disse Wilmer. – E, com a lua às suas costas, a noite fica perfeita.

– Hum.

Wilmer começou a falar do Camaro superequipado que comprara e que viria dos Estados Unidos, fazendo questão de assinalar o quanto pagara por ele. Francamente: quem se importava que ele tivesse gasto um ano de salário em um carro?

– Você não está tomando a sua bebida – reparou ele.

– Ela tem um gosto estranho.

– Quer que eu pegue outra para você?

– Não, tudo bem.

Wilmer ergueu a enorme caneca de cerveja.

– Um brinde?

– A quê?

– A ver as pessoas sob uma luz diferente.

– Por que não? A ver as pessoas sob uma luz diferente – repetiu ela. Eles bateram os copos. Demi se sentiu obrigada a beber mais um gole. Que gosto estranho seria aquele que ficava na boca? A bebida deveria ter apenas o gosto de grapefruit, vodca e sal.

– E a uma noite maravilhosa – falou Wilmer, erguendo a caneca mais uma vez.

– A uma noite maravilhosa. – Desta vez, ela só umedeceu os lábios na bebida. Realmente, teria que despejá-la no mar quando Wilmer não estivesse olhando. Ela tentou chegar à amurada, mas, antes de atingi-la, sentiu uma tontura e se desequilibrou sobre os saltos. Ufa, o tal salty dog – cachorro salgado – realmente subia à cabeça.

– Você está bem? – perguntou Wilmer, aproximando-se. Para trás, cara.

– Está tudo bem. – Ela não queria que ele soubesse que se sentia tonta. – Eu só preciso… Hum… Dar um jeito na maquiagem. – E me livrar de você. De repente, Demi pensou que estava passando a noite fugindo dos homens. Ela sabia que a maioria das mulheres teria adorado ver dois homens lutando por elas, mas para ela não passava de um aborrecimento. – Pode me dar licença? – pediu ela, entregando o copo a Wilmer.

– Claro. – Ele pegou o copo. – Espero por você aqui.

Andando com muito cuidado, ela atravessou a multidão. Queria ir para casa, mas não podia dirigir naquele estado. Não com a cabeça girando. Ela entrou no banheiro, jogou um pouco de água fria no rosto e foi à procura de Selena, para ver se esta estaria em condições de levá-la para casa.

De fato, Demi era fraca para bebida. Alguns goles de vinho e um quarto de copo de salty dog, e os joelhos bambeavam.

Caminhando com atenção, ela conseguiu chegar ao convés principal. A festa estava no máximo da animação. As pessoas dançavam ao som de Red Hot Chili Peppers, cantando “Under the Bridge”.

Muito apropriado. Ela percebeu que Joe devia ter escolhido as músicas a dedo para aquela noite.

Impecável. O que mais ela esperaria dele?

– Onde é o banheiro? – perguntou Demi a uma moça que conhecia do hospital.

– O deste andar está ocupado, mas eu soube que há um na cabine de Joe, no convés inferior.

– Obrigada – disse Demi. Nossa, ela realmente estava enrolando a língua? Era por isso que não bebia. Não conseguia se manter consciente.

Ela se pendurou no corrimão da escada que levava ao convés inferior, e sua cabeça girava tão loucamente, que ela precisou parar várias vezes para respirar fundo. Por fim, depois do que lhe pareceram horas, ela chegou ao quarto.

O quarto de Joe.

Ela teve uma sensação estranha ao olhar para a cama e se ver nitidamente deitada ali, com Joe. Ah, pare com isso. Precisava entrar no banheiro e jogar água fria no rosto. Demi fechou a porta e a trancou à chave, para o caso de alguém aparecer. Precisava de privacidade, até que a tontura passasse. Depois de um minuto, ela correu para a porta do banheiro. Estava banhada em suor, com a boca seca como um deserto. E aqueles malditos saltos prendiam os pés como âncoras.

Havia algo de errado. Claro, ela não costumava beber, mas aquilo… Aquilo era mais do que estar meio alta. Algo estava errado.

A visão de Demi estava borrada, ela não conseguia pensar. Socorro! Ela ouviu alguém bater na porta.

– Demi? – Era Wilmer.

Era a última pessoa que ela queria ver. Ela viu a maçaneta girar.

– Demi? Você está aí?

Ela podia não querer vê-lo, mas sentia-se muito estranha e talvez ele pudesse ajudá-la. Abriu a boca para responder, mas lhe ocorreu que Wilmer poderia ter colocado algo na bebida dela. O salty dog lhe deixara um gosto estranho na boca, e ele misturara o drinque antes de passá-lo para ela.

Teria sido drogada? Teria sido ingênua ao confiar nele?

O coração de Demi deu um tranco, quando ela percebeu a verdade. Wilmer era um predador que a esperava do lado de fora, com a intenção de atacá-la. Graças a Deus, ela tivera presença de espírito de trancar a porta do quarto.

O banheiro estava próximo, mas parecia estar a quilômetros. Dane-se. Ela se deitaria ali mesmo, na cama de Joe, por alguns minutos, até que a tontura passasse e Wilmer fosse embora. Depois, ela iria procurar Joe e lhe transmitiria as desconfianças a respeito do que tinha acontecido com ela.

Joe saberia como lidar com o desprezível Wilmer. Joe podia ser um playboy, mas, por mais estranho que parecesse, ela confiava nele. Por debaixo daquela aparência festiva, ela precisava admitir que ele era um bom homem.

Satisfeita com o seu plano, Demi se jogou sobre a cama, e isso foi a última coisa de que ela se lembraria mais tarde.

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Oiii meus lindos... me desculpem pela demora em postar da mini-fic, é que eu me esqueci de entrar, eu estou tão azoada esses dias que eu pensei que eu já tinha postado :/

bom, eu estou sem tempo hoje e amanha para poder escrever "A Sexóloga" estou com um projeto para fazer, preciso desenhar a mão 12 plantas e só até segunda, já tinha feito algumas mas infelizmente alguém deixou cair alguma coisa liquida nelas que manchou e eu irei ter que fazer de novo :(((

Beijoos e não fiquem com raiva de mim, a linda da Mand irá me ajudar a escrever novos capítulos e podem ter certeza que ficaram incríveis!! Amo vocês <3

6 comentários:

  1. Ah meu anjo, imagina, sei como deve estar sendo corrido. Quando puder, poste, mas não se sinta pressionada.. Foca mais nas mini fics, e dê o tempo necessario que você precisa pra postar "a sexóloga", creio que ajudará! Você divou, como sempre, ta perfeito e eu entro toda hora pra ver se você postou mais! Beijos <3

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  2. Amando essa mini fic :)
    Entendo sim, normal esta atolada de trabalhos e tudo mais.
    Só que esse capítulo ficou perfeito
    Continuaa
    Fabiola Barboza

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  3. Boa tarde Mari!! Tudo bem?
    Estou adorando a mini fic. A cada novo cap fico mais curiosa e ansiosa pelo próximo!! Essa mini fic é maravilhosa!!
    Fique tranquila, nós entendemos você perfeitamente!! Também estou com muitos trabalhos a serem feitos e pra piorar estou em semana de provas.. ai ai não vejo a hora disso passar logo rsrs
    Fique calma que tenho certeza que conseguirá concluir os projetos viu!! Boa sorte!!
    Nós esperamos por você flor!!
    Bju linda!!

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  4. Ahh que perfeito!!!!!
    Posta logo my world
    Muito perfeito!
    Posta logooooooo !
    Beijos com glitter
    Amo vc!!! ♥

    By - Milena

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  5. posta logo.....

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  6. perfeito u.u
    adorei...quero só ver o que vai acontecer kkkkkkk...ansiosa aqui
    posta logooo
    beijos

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